Desperto do sono agitado, com sonhos ruins. Minha figura no espelho é deprimente. Os dois dedos marcados no lado direito do rosto me dão um ar patético. O cabelo sujo denuncia a falta de cuidado com meu próprio corpo.
Visto uma roupa que foi guardada suja, e calço o velho tênis branco encardido. A meia estava suja também. Na bolsa, a carteira com pouco dinheiro, quase nada. O celular desligado. O bloco de anotações e a caneta, preciso anotar as frases que me surgem repentinamente. A edição de bolso de Dom Casmurro, prometi que o leria quantas vezes fosse necessário, até que me convencesse da inocência de Capitu. Já estou na décima sexta leitura.
Pronta para ir ao lugar de sempre, para encontrar as mesmas pessoas, pego as chaves e saio.
Antes de tomar o ônibus, ouço um trovão.
A chuva cai forte. Deixo-me molhar.
Ali, parada, encharcada, percebo que a chuva não foi suficiente, continuo suja.